Nesta terça-feira pesquisadores do Painel Consultivo sobre
Biossegurança dos Estados Unidos (NSABB, na sigla em inglês)
manifestaram mais uma vez a recomendação de que os dois grupos que
possuem trabalhos sobre o vírus da gripe aviária H5N1 - capaz de ser
transmitido entre mamíferos e, potencialmente, entre seres humanos - não
publicassem detalhes da pesquisa. As informações foram publicadas nas
revistas científicas Nature e Science.
Os pesquisadores de um laboratório do centro médico universitário
Erasmus de Rotterdam (Holanda) que anunciaram em setembro a criação de
um vírus da gripe aviária modificado e de um grupo de pesquisa situado
na Universidade de Wisconsin (norte dos Estados Unidos) que conseguiu
criar uma cepa do vírus capaz de gerar contágio sem o intermédio das
aves são os alvos da recomendação da agência. Devido aos temores gerados
pelo estudo e, consequente discussão sobre a publicação, os cientistas
anunciaram a suspensão de seus trabalhos durante dois meses.
Segundo
o NSABB, informações sobre os métodos e as mutações utilizadas pelos
dois grupos podem ser importantes para as autoridades de saúde pública e
pesquisadores que se esforçam para compreender a transmissão de vírus e
de prever e prevenir a próxima pandemia. Contudo, as informações também
podem, em mãos erradas, ser usadas para a prática de bioterrorismo.
No
fim de dezembro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) expressou sua
profunda preocupação com estas descobertas, destacando que estes
anúncios "geraram inquietações sobre os possíveis riscos e pelo uso
indevido associado às pesquisas".